Filosofia

Ontologia II

Graduação - 2025.2

Sandro Figueira

Discente lattes

Prof. Dr. Luan Corrêa da Silva

Docente lattes

Apresentação Geral da Disciplina

Trata da ontologia moderna e contemporânea. Da continuidade à ontologia I.
Crítica da ontologia clássica. Crítica é uma palavra difícil de definir na filosofia, essa palavra está na boca do povo, todo mundo usa em muitos sentidos, mas sem qualificar qual o sentido do uso. A filosofia explora qual o sentido que são utilizados. Essa palavra nomeou pelo menos 3 tradições na filosofia contemporânea, grandes (ou mais notáveis - no ocidente).
Quais os limites dessas filosofias consagradas (canônicas)?
Já se percebe publicações de muitos trabalhos acadêmicos que visam mostrar (argumento e história) o quanto a história do pensamento filosófico negligenciou e apagou muitas teorias e filosofias que haviam sido feitas há muitos milênios.
A seleção da filosofia (canônicas) não é neutra, mas sempre utilizou critérios políticas, e tem implicações no modo que a gente vive.
Neste momento histórico estamos tendo a oportunidade de perceber (escancaradamente) essa seleção, ou melhor dizendo essa dominação que se fez sempre presente na história do pensamento. Isso envolve inclusive os gêneros filosóficos, a exemplo do muito que foi feito por filósofas, que obrigaram-se a veicular seus pensamentos por canais não oficiais (como cartas por exemplo) de modo que isso nos revela que o pensamento filosófico pode se dar por meio de outros canais.
O modo como pensamos, falamos, agimos é impregnado dessa dominação (colonização filosófica), não sendo possível se despir disso de todo, mas é necessário um alargamento do escopo daquilo que é considerado como filosofia e de seus canais (gêneros filosóficos).
filosofia que tragam perspectivas não europeias, de gênero e outras. Sem pretender seu esgotamento o objetivo é abordar a filosofia contemporânea a partir desta visão.

Grandes correntes de filosofia crítica
1. Transcendental. Kant. Crítica da Razão Pura, surgem pela primeira vez na história da filosofia. Representa aquele que primeiro elaborou o sentido dessa corrente. Preparação de crítica à ontologia clássica.

2. Genealógica. Ligada em sua origem como Nietzsche (talvez pai dessa vertente, podendo ser considerado como o primeiro virou da filosofia moderna para a contemporânea na história do pensamento - há quem considera que seja Hegel. A principal razão para esses dois filósofos serem os fronteiriços com a contemporaneidade a incorporação ou valorização do elemento da história - temporalidade, historicidade. Mas também como Foucault (é um dos filósofos que dizem que Kant é uma das grandes influências de seu pensamento), Deleuzzes entre outros, podem ser considerados como críticos genealógicos. (Cuidado genealogia enquanto termo é também possível de uso intercambiável.) escola de Frankfurt (teoria crítica)

Marcos históricos e filosóficas não andam juntos necessariamente. A filosofia moderna mais acentuadamente premia o pensamento em relação à história, de modo que, é na contemporaneidade (ou na virada) que o elemento histórico passa a ser considerado. Hegel (ao contrário de Nietzsche) não deve ser considerado de fato um moderno pela sua dependência do elemento sistemático para a filosofia, ou seja, uma sistema como modo de exposição do pensamento em que cada parte se comunica com a outra de determinada ordem (ordem relevante). É como uma espécie de estrutura hierarquizada. O que é característico do ponto de vista da exposição da filosofia sistemática é a ordem, assim como um edifício te uma fundação e outros elementos dela dependentes, o sistema filosófico se apresenta como uma ordem hierárquica. Descarte fundamenta isso no discurso do método e regras para a condução do espirito. Mas não é suficiente que a apresentação seja sistemática, mas também o próprio pensamento precisa ser sistematizado. O sistema antigo inicia-se pela ontologia (realidade), na modernidade há mudança dessa perspectiva para a epistemologia exatamente por pressupor a prevalência do pensamento, da razão.

É característico da filosofia moderna o sistema (mas não só). Tipo de escrita é tipo de pensamento. Difere o pensamento quando a apresentação se da na forma de verso e de um ensaio. Isso se torna claro no século XX, na qual a tese de que não há uma instância em relação à linguagem que seja separada do pensamento e vice-versas. Isso nunca de fato existiu. A instÂncia do pensamento como precedente e independente da linguagem é refutada, pelo condicionamento do pensamento pela forma de escrita. Duas teses da filosofia contemporânea: filosofia não se separa da linguagem e a filosofia não se separa da história.

Os dois elementos portanto presentes na filosofia contemporânea: história e linguagem. Válido para o século XX. Hoje já superada, porque não é mais possível falar da filosofia em 2025 da mesma forma que no início do século XX, muito embora não se possa negar a associação irrestrita entre filosofia e linguagem e filosofia e história, essa virada já não é mais suficiente para caracterizar o pensamento filosófico atual. No século XXI as perspectivas filosóficas vão muito além disso (debates feministas e de gêneros por exemplo) tendo debates que não podem mais ser dividida em departamentos, ou seja, essas discussões são necessárias para todo o debate filosófico. Passamos a identificar modos de pensamento que não se separam da experiência histórica, por exemplo a experiência da masculinidade como moduladora do modo de pensamento tese levantada pela filosofia feminista. Assim como é determinante como o modo que pensamos a filosofia localizada geograficamente pelo mundo nos efeitos causado, a geografia determina o modo do pensamento. Quando se fala em filosofia decoloniais, se cha atenção para o fato de que as filosofias colonizadores não são apenas limitadas mas prejudiciais. Se discutimos a necessidade de incluir filosofias que não estão restritas à Europa por exemplo pode-se tem em mente consequências possíveis como genocídios mundo a fora. Não há assim A filosofia, mas filosofias no plural, sendo que todas se colocam na mesma posição. A diferentes maneiras de fazer filosofia que correspondem aos diferentes modo de existência humana.

Assim como a história a filosofia apresenta dificuldades em ser feita em relação ao tempo presente. Hegel tem uma imagem interessante sobre isso, em Lições de História da Filosofia, talvez a imagem mais celebre daquele período da filosofia como uma coruja de minerva, porque a coruja de minerva ela somente alça voo depois que o dia escurece, o filósofo é análogo a essa coruja porque sempre chega depois, observa depois. É uma imagem construída por um filósofo alemão de modo que construiu o modo como se pensa filosofia clássica até os dias atuais. Até bem pouco tempo o filósofo não era visto como alguém que intervia na realidade, mas apenas aquele que descreve (compreende) a realidade. Sendo necessária uma distancia temporal e do envolvimento com o objeto. Atualmente pode se pensar a imagem do filósofo como a de um cientista, ou seja, daquele que não pode interferir no fenômeno sob pena de contaminação do objeto e prejuízo da ciência. Pretende também construir esse distanciamento entre análise e realidade. Imparcialidade que permite a captura da realidade tal como ela é em si mesmo e não de forma parcial como ela aparece para cada.

Até Kant a filosofia tinha a missão de revelar o em si o que a realidade é em si mesma independentemente do observador. Nietzsche dirá que não é uma pretensão pequena, mas sim ocupou o pensamento filosófico ocidental por milênios. O desvelamento daquilo que se esconde por detrás da aparência Nietzsche denunciará como vício de todo filósofo, um comportamento doentio problemático, acreditar que há uma realidade em si é um problema, mas achar que há uma realidade independente do tempo (história) é uma insanidade. Tal pretensão não é possível ser realizada, todas as teorias de todos os tempos é produto de seu tempo.

O pensamento é perigoso porque ele inerentemente intervem na realidade. Separação entre pensamento e linguagem se reconstitui e ganha outra dimensão, para a separação entre teoria e realidade. A pergunta que se faz em Nietzsche é por acaso existe uma reflexão que não seja direcionada? Que não tenha um objetivo prático? (Pensar cena do filme Oppenhaimer aonde ele se consciêtiza que que seu feito será usado para o mal - de modo que essa é uma visão ingenua de que esse cientista somente soubesse a partir desse momento do potencial lesivo da bomba). A questão em Marx é o que é ideologia? É qualquer ideia? É uma ideia que não corresponde com a realidade (mascara) em benefício de uma classe. (Ilusão, que pode ajudar a compreender esse ponto, é definida por Kant). A questão judaica livro no qual Marx aplica seu método às filosofias anteriores. Primeira parte do ensaio que é a crítica do esclarecimento do iluminismo. Trata-se de uma crítica filosófica dos princípios que guiam e norteiam a revolução francesa e a carta de direitos que dela resultou. Liberdade, igualdade, propriedade e segurança.

Esse curso é de crítica à ontologia clássica e se faz de pelo menos 3 modos.

Conteúdo Programático

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Reapresentação do plano (27/08/2025)

Os quatro primeiros tópicos são estruturantes para a disciplina. Os demais são tópicos que nos dirigem ao séculos XX e XXI, e por isso mesmo, permitem maior maleabilidade.

Bibliografia

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Cronograma

Data Evento Tipo Assunto

Kant e a crítica transcendental da ontologia - Aula 20/08/2025

A primeira crítica da ontologia - transcendental de Kant
A segunda crítica - Genealógica
A terceira crítica - Materialista de Marx
Essas vias de crítica parecer ser ramos de uma mesma origem.

É um pressuposto desse curso que não há filosofia no século XXI que não guardem raízes nessas tradições. A partir destes pilares então a proposta é chegar a outras filosofias. Nietzsche é o filósofo que marca a virada para a filosofia contemporânea. Outro pressuposto é a da historicidade do pensamento. Esse dois elementos tornam Nietzsche um filósofo contemporâneo.

Kant, produziu tres críticas, antes das críticas publicas textos pré críticos. Se torna de fato conhecido e relevante com seu projeto crítico. A crítica da razão pura (1781), crítica da razão prática, crítica da faculdade de julgar (1790). Em pouco tempo ele "constrói" um edifício de 3 torres com fundamento muito sólido. Esse é o sistema kantiano. E cada uma das 3 partes é dividida em partes. A CRP oferece o método (crítico ou filosofia transcendental). Na crítica da razão pura dentre outras coisas, além de apresentar o método de reflexão, que na verdade tem a intenção de dizer exatamente o que torna a filosofia diferente das outras áreas do conhecimento humano? O que a filosofia tem de diferente do pensamento científico? Artes, ofícios etc, qual é a diferença? Kant portanto quer investigar um critério de demarcação para o que é o pensamento filosófico e porque ele se difere dos outros. Esse é um dos traços que definem um filósofo moderno, a busca pela demarcação. Na crítica da razão prática ele desenvolve o que a partido do método fica residual, que são as ideias da razão prática que são os interesses da filosofia moral (quais os critérios para ação). N CRP meros critérios para pensar em geral. Na crítica do juízo ele pretende fazer uma conexão entre esses dois âmbitos. Aquilo que diz respeito à necessidade (âmbitos das lei num sentido a priori aquilo que antecede à experiência empírica). Existe uma experiência que é anterior à empiria e a que resulta da empiria (a priori x a posterior).

O conhecimento matemático depende da experiência transcendental, que está ligada à experiência sensível, por isso é um

Transcendental é uma expressão de uso técnico (preciso e específico, não sinônimo de transcendente). Transcendente na ontologia é aquilo que esta além ou aquém da experiência possível. Na platônica é o lugar das ideias, nas de Aristóteles é a essência, entre os pitagóricos é as arches. Só pode ser pensado como independente da experiência. O âmbito desta podemos chamar de aparência, de opinião, de empiria, sombra, confusão, devir, de vários outros termos a depender da filosofia que define a multiplicidade, a transitoriedade. A Filosofia transcendente que procura explicar essa multiplicidade afirma que a origem de tudo isso não é múltiplo e transitório e está em um determinado lugar e determinada forma pra além. O que pensa um filósofo transcendental? O que Kant chama de revolução copernicana na filosofia (revolução muito além da astrologia/astronomia, afetando a própria estrutura da sociedade e do homem), não pensa mais como a ontologia clássica, pensa a filosofia e a realidade a partir de uma cosmologia heliocentrica, para a qual o planeta terra e consequentemente não são mais centrais, possuindo então limites, físicos, psicológicos e filosóficos. Conte defende a tese desenvolvimentista das capacidades humanas que e o último estágio seria a filosofia moderna. Não era uma questão de capacidade racional. Em Kant transcendental é aquilo que é independente da experiência (todas as categorias da ontologia clássica para aparência que Kant passa a chamar de fenômeno 'phae + noumenon'). Fenomeno é aquilo que se contrapõe ao noumenon, não é por si, mas é relacional. O conhecimento do mundo é relacionado à quem conhece. E não podemos então conhecer o que não se pode tornar sensível. Transcendente e transcendental são metafísica, apesar de ser independente da experiência, não são independentes do humano. A condições de possibilidade de qualquer experiência possível. Possível é aquilo que pode ser conhecido. O que não pode ser conhecido? Deus, alma, liberdade etc. Por que não podem ser conhecidos? Porque não podemos ter uma experiência sensível destas situações. Somos regidos por leis necessárias de todos os tipos, físicas, orgânicas, psicológicas etc. Qual é o valor daquilo que não pode ser conhecido na filosofia Kantiana? Valor prático, pode servir de horizonte, de referência.

A metafísica clássica tem várias formas de interpretar o mundo, A ciência desde Aristóteles avançou muito e conseguiu feitos inigualáveis, tudo o que uma só pessoas escreveu (Aristóteles) foi objeto de dedicação de toda sociedade, enquanto a metafísica não. A metafísica gira entorno de si mesma há tantos séculos e não consegue resolver as questões, por ser o campo de conhecimento humano que é distinto não pode produzir conhecimento na linguagem das outras áreas, não pode falar de entes que não se pode conhecer de forma sensível. É preciso organizar melhor essa área e a proposta de Kant é uma filosofia transcendental que não pretenda falar sobre o mundo de uma perspectiva que vai além dele como se fosse possível de conhecer, ou seja, tratar o mundo como a realidade em si mesmo. Precisa-se desigualar a realidade independente (a coisa em si) e o sensível. O que torna o mundo possível são as formas (formen) e categorias (Kategorien) do entendimento (Vrestand). As formas e categorias do entendimento são objetos da metafísica, apenas esses. Espécie de auto reflexão. As formas e as categorias são a priori. COnhecer a partir das formas e categorias, o pensamento são ideias. Ideias não possuem experiências sensíveis.

A estrutura transcendental é o ponto de referência da filosofia kantiana. Wittigenstein irá dizer que todos os problemas da filosofia são problemas de mal uso da linguagem. De modo que uma boa terapia filosófica resolveria. Kant chega a toca a ferida narcisica do ego humano, mas não chega a resolver essa questão. Não vai suficientemente além ao ponto de enfrentar o problema. Se por um lado o ser humano é limitado e não o centro do universo, por outro pelo menos de um ponto de vista transcendental todos os seres humanos são os mesmos em todos os lugares e todos os tempos. Ou seja, todo compartilham da mesma constituição, tendo as mesmas aptidões, sendo que cada um faz uso de acordo com suas escolhas. Isso é criticado, mas ainda há estudos que buscam defender esses lugares comuns.

O que é transcendental são as funções cognitivas (como que algorítimos naturais de nossa mente), formas e funções mentais catalogadas por cante em duas classes formas (sensíveis - da sensibilidade) e categorias (não são resultado da aplicação da sensibilidade, mas dizem respeito a conceitos). Isto é, o conhecimento tem duas etapas, os dados sensíveis chegam e atravessam um véu já existente. Tempo e espaço. São funções inatas, por isso a priori. Conhecimento tem duas etapas, a primeira é essa (a malha). Acontecem do ponto de vista do tempo ao mesmo tempo, do ponto de vista lógico há uma certa anterioridade lógica da etapa da sensibilidade (malha). Conhecimento depende disso, mas não se resume a isso. Kant chama essa etapa de intuição. E a intuição para Kant é sempre sensível. É outra maneira de dizer sensação. É uma condição necessária para conhecimento, mas não é suficiênte. Precisa da etapa da aplicação das categorias. Etapa receptiva. A malha da sensibilidade recebe os dados e filtra eles (espaço e tempo - plano cartesiano), as categorias não, elas são conceitos. Esse definitivamente definem os conceitos, são doze categorias. Kant compreende que as categorias (tal qual em Aristóteles) não são das coisas, do mundo, mas estão na mente humana. Essa é a etapa do conhecimento, que se torna uma condição suficiente para o conhecimento e ao mesmo tempo uma etapa ativa, nessa etapa nossa estrutura se impõe ao dado recebido.

A estrutura é dividida em duas capacidades (faculdades) sensibilidade e entendimento. A sensibilidade está ligada às formas e o entendimento às categorias. As duas etapas são necessárias para o conhecimento empírico. "Sem intuição os conhecimentos são vazios, mas, sem o conceitos o conhecimento é cego". A cegueira como a determinação da experiência, ou seja, tornar um objeto. Kant com isso concilia assim a tradição do empirismo e a tradição do racionalismo, concilia mas não resolve os problemas dessa conciliação em definitivo. Quanto Às fontes todo conhecimento surge da experiência, mas quanto a sua determinação de objeto não acaba (sentido lógico) na experiência. Esse acaba é de um ponto de vista lógico e não temporal.

Sensibilidade, entendimento e razão. A razão tem como produto ideias e essas não são conhecimento (não são conhecidas). As ideias morais desrespeitam o conhecimento e não é possível conhecer ideias morais, não é possível deliberar, daí a necessidade da política. É justamente porque a moralidade não pode ser racionalmente conhecida e determinada que é necessário que a democracia (o fórum) se estabelece. Hannan Arendt - Lições sobre a filosofia política de Kant.

Kant em uma primeira parte da CRP elimina as cosmologias teológicas, mas por conta de uma observação de possibilidade de existência da substância permite toda uma tradição de idealistas que vão defender inclusive a possibilidade de conhecimento das ideias, inclusive éticas, morais e teológicas. Essa afirmação lhe renderia a acusação de ser um teólogo disfarçado. Dialética transcendental. ESTUDAR.

Kant e a crítica transcendental da ontologia - Aula 27/08/2025

Nota-se a dificuldade com a terminologia kantiana, para isso se recomenda dicionário especializado nesse autor.
Pode -se também pretender a consulta direta da fonte kantiana, e para isso indica-se a página Korpora
Kant é um filósofo sistemático, uma peça de seu sistema somente funciona em conjunto com as demais e compreender umas necessariamente implica compreender as demais e compreender o todo necessita de compreender suas partes e suas relações. Quando Kant escreveu os prolegomenos, ele escreveu mais pra apresentar o método, do que expor o sistema. Mas quando apresenta o método inevitavelmente apresenta uma versão resumida de seu sistema. br Crítica da razão pura é a apresentação completa do método do sistema. É uma exposição sintética nos termos de Kant, não tendo pretenção de ser exaustivo, mas econômica nos conceitos, por isso a linguagem fica difícil compreender. Depois que se tem essa compreensão de linguagem sistêmica kantiana, as coisas se tornam mais fáceis.
Os prolegomenos é texto resultado de muitas críticas que Kant recebeu, sobretudo com a expressão ideallismo, os primeiros leitores da crítica da razão pura, associaram a expressão transcendente à uma forma de idealismo. Assim como outras expressões geraram mal entendidos. Prolegomenos pode ser traduzido como propedêutica, introdução, apresentação que é de fato o que é feito em relação à crítica da razão pura.
É uma linguagem analítica, mais próxima de nossa experiência. A análise parte daquilo que é mais proxima a nós, a linguagem.
Na apresentação, se tem uma linguagem mais branda, com exemplos mais elucidativos.

Leitura do §1º. Anúncio do problema da demarcação, podemos chamar a filosofia de ciência, e toda ciência é limitada por um escopo.
Kant se pergunta sobre a ciência que desde os présocráticos evoluíram em sua potencia e complexidade, significando que os cientistas estabeleceram certos conhecimentos mais seguros e a partir disso muito pode ser construído. Ao contrário a metafísica que se deu por um sistema dogmático não aconteceu o mesmo, posto que, tudo o que foi produzido não pode se conectar entre si.
A metafísica desde sua origem por conta disse, sempre rodeou às mesmas questões sem poder dar uma resposta segura, seguro é uma verdade que não pode ser refutada, portanto, apodítica, ou seja, necessária. Isso não aconteceu com a metafísica, não havendo sequer um princípio metafísico que pode ser considerado como necessários.
Essa é a primeira motivação de kant. Qual é a diferença? Kant parte da definição de metafísica clássica (com a qual ele não concorda).

Em relação às fontes o conhecimento pode ser puro ou empírico. A metafísica, por definição está para além da física, portanto o conhecimento metafísico não pode se referir àquilo que não temos experiência sensível.
A dimensão interior do ser humano até Kant pertencia à filosofia empírica. A necessidade por satisfazer os impulsos são portanto empíricos.
Metafísico é portanto o conhecimento daquilo que é puro, ou seja, não empírico.
Se a metafísica não é o conhecimento do empírico então tem que ser daquilo que é puro, ou seja, independente da experiência.
[Por que o conhecimento empírico não é puro?]

Quanto aos modos: podem ser sintéticos ou analíticos. Por exemplo, a definição de extensão [de um corpo] está analiticamente compreendido no conceito de corpo. E essa situação para Kant não necessita de experiÊncia para ser conhecida, pois a sensibilidade enquanto capacidade é um dado a priori, ou seja, tempo e espaço são sempre a priori. Basta essa situação para "virar" do avesso toda a metafísica clássica, pois, se espaço e tempo não são atributos do real então são atributos da consciência.
David Hume é o responsável por ter feito Kant acordar do sonho dogimático (segundo o próprio Kant), concluindo que então todas as certezas metafísicas não são apodíticas, não sendo necessárias, e assim, nossa confiança nesse conhecimento contingente é abalada. Hume é portanto o filósofo que desafia essa relação.
Uma coisa é a fonte do conhecimento que pode ser a priori ou a posterior outras coisa diferente é o modo do conhecimento que pode ser sintético ou à priori.
Tal é a segurança lógica de determinados enunciados que são considerados princípios.

Diferenciando ainda mais entre fonte e modo, juízos são conjuntos de conceitos ...

Há juízos analíticos a priori e a posteriori, exatamente porque estas nomeações estão manejando dois diferentes níveis, ou seja, o modo e a fonte, sendo que essa é talvez uma dificuldade maior na compreensão de Kant.
Mas a questão se resolve compreendendo que a fonte é de onde o conhecimento vem, ou seja, se ele vem a partir de um cotejamento da realidade [mundo], portanto, seja posterior à experiência [a posteriori], ou não, vindo então de forma inata portanto, a priori [anterior à experiência]. Aqui é preciso se ater que a questão de ser anterior ou posterior ao contato da experiência, dever focado no elemento contato e não no elemento tempo anterior ou posterior. isso realmente é difícil, posto que, se imaginarmos o que está sendo proposto, uma fonte do conhecimento que é inata ao sujeito conhecedor, implica dizer que ela é sempre presente [anterioridade ontológica], não havendo um momento que ela não exista, e outro no qual ela surgi, por isso essa questão é de contato, e não de tempo, ou seja, se em contato com o mundo, ou melhor dizendo, se apenas através, ou apenas por meio do contato com o mundo o conhecimento é formado, significa que sua orgiem não é inata, ou seja, não é do próprio indivíduo.
Outra questão é o modo de conhecer (o conceito), ou seja se o conceito em questão é necessariamente o produto de outro(s) conceito(s), ou não. [CONTINUAR ESSA EXPLICAÇÃO/DIFERENCIAÇÃO].

A possibilidade de entender juízos (sintético-a priori) que do ponto de vista do modo dependem da experiência, mas do ponto de vista da fonte são inatos.
Kant afirma que os conhecimentos da matemática são todos sintéticos, ou seja, depende da experiência. Isto é que sua definição não está contida em seus elementos. Por exemplo, 5 + 7 = 12, expressão na qual 5, 7 e sobretudo + não estão contidos em 12. A própria experiÊncia de contar é dependente da experiência. Esse exemplo abra espaço para pensarmos como os conceitos metafísicos são assim desse tipo, por exemplo o conceito de substância aristotélico. Ou seja, um conceito sintético.

Todo conhecimento depende da experiência, mas nem todo conhecimento resulta da experiência. Ou seja, muitos conhecimento necessitam da experiência, mas essa depende das formas a priori tempo e espaço. Assim, algo deve anteceder às experiências do mundo.

É possível então uma metafísica?
Os pressupostos da filosofia clássica são feitos como juízos analíticos à priori, ou seja, qualquer um que entrasse naquele sistema uma hora reconheceria tal ciência por seus axiomas. Entretanto, nenhum desses axiomas se mostrou compatível com a realidade.

P1 - Todo metafísica trata daquilo que não está na experiência, portanto, a priori e analítico. Enuncia juízos que não estão na experiência, por isso são juízos analíticos e inatos. (Metafísica no sentido clássico).
P2 - Os princípios (enquanto axiomas da filosofia) enunciados no juízos metafísicos não são analíticos, embora sejam a priori. P3 - Toda metafísica que se pretenda ciência (conhecimento não dogmático e não cético) enuncia juízos que, embora sejam inatos dependem da experiência (sintéticos a priori). [Ciência: não é dogmatismo e nem ceticismo, porque pode ser verificada na experiência].
Qual o critério de demarcação entre metafísica (objeto da ontologia) e a física? Resposta: a) quanto ao objeto: não as coisas reais, mas as suas condições transcendentais (formais); b) quanto à fonte: o conhecimento a priori da experiência. c) quanto ao modo: investigação dos juízos sintéticos.
A metafísica investiga as condições a priori formais. [] Investigação da experiência na medida em que ela é condicionada pelas formas, categorias e princípios. Estudar a realidade do ponto de vista metafísico kantiano é uma maneira de estudar a nós mesmos.

O traço que possibilita a metafísica para Kant é: ?

O que é ontologia em Kant? É o estudo não das coisas mesmas, mas das condições de possibilidade da experiência, isto é, suas formas , categorias e princípios.

Qual sentido de crítica na filosofia de Kant? Crítica é a análise (exame) da experiÊncia para estabelecer seus limites. Crítica = exame (Tal qual aquele feito por um cientista empírico feito em laboratório). Para estabelecer seus limites e abusos. A importancia da crítica é entender até onde podemos ir e o prejuízo de ir além dos limites. Para Kant então toda metafísica que não siga essas considerações é um delírio.

Extra:

Relação de Kant com Descartes. Kant afirma que Descartes teria um idealismo.

Conceitos são átomos de juízos que são expressos na linguagem. O juízo já é uma forma derivada do conceito isolado, ou seja, junção dos conceitos. A = A já é um juízo, embora o pensamento por detrás desse juízo seja um princípio.
As 12 categorias do entendimento: De quantidade: unidade; pluralidade; totalidade / de qualidade: realidade; negação; limitação / de relação inerência e subsistência (substância e acidente); Causalidade e dependência (causa e efeito); comunidade (reciprocidade entre agente e paciente) / de modalidade: possibilidade-impossibilidade; existência; não-existência; necessidade-contingência.
Objeto da ontologia em Kant: Os objetos inatos. Ontologia radicalmente diferente em relação à clássica, posto que, não investiga a realidade, mas a possibilidade, ou melhor, as capacidades de conhecer o mundo.

Fenômeno é a relativização do noumenon.

Quine: sobre o que há. Texto que pode ser do seminário.

Intuição = experiência

Rigorosamente axioma são princípios da matemática. Definido assim por Euclídes. Consideremos aqui como sinônimos apesar de sua distinção.

Anterioridade ontológica - o conceito de susbstância em Aristóteles depende do princípio de não contradição mas o contrário não ocorre, sendo portanto o princípio anterior.

Schopenhauer e a crítica imanente do dogmatismo - 03/09/2025

Cap. 17 e 46 são bons porque sintetizam o conteúdo de um sistema que é grande, indo direto ao núcleo do sistema de Schopenhauer que pode ser resumido pela expressão pessimismo metafísico. A ideia de que a vida concretamente não é o lugar em que experienciamos a felicidade, mas sim no qual vivemos perpétuo sofrimento.

A consciência (assim como para Kant) se dirige para fora, sendo seu produto o conhecimento empírico acessado pelos sentidos. A partir de Schopenhauer a expressão sentidos são sentido objetivos, porque são dirigidos para fora. O conhecimento do mundo é objetivo nesse sentido, apreende os dados de fora e elabora eles. O que tem na consciência objetiva que permite a elaboração do conhecimento empírico? Para Kant formas e categorias, para Schopenhauer (conserva a consciência transcendental de Kant) mas resume, o entendimento/sensibilidade também são faculdades de nossa consciência (nosso intelecto). O intelecto tem a função da consciência empírica [...]. Schopenhauer desfaz a dualidade de entendimento como função teórica e a razão como função prática, mas em conjunto passa a chamar de conhecimento racional. Tendo uma parte pura (princípios e lógica pura) e uma parte empírica.

Uma das vantagens dessa filosofia é ter como um compromisso uma linguagem clara sobre os conceitos. A simplificação é uma de suas características. Devid Hume é uma influência (complemento necessário para filosofia de Schopenhauer) poe seu empirismo que tem característica peculiar de ser radicalmente empirista ao ponto de ser interpretado como cético. Um exemplo é se a liberdade é possível. Kant quando pensa sobre o esclarecimento e suas questão afirmar que não usamos toda nossa capacidade, sendo que o sonho de Kant (e de outros) é que as sociedades se tornassem republicanas para que as escolhas fossem resultado do uso de uma capacidade de raciocínio e não de imposições. Ou seja, que não fosse dogma.

Dogma é um tipo de verdade não questionado. Uma escritura sagrada por exemplo, assim como, um axioma da matemática, se não é tomado como necessário logicamente. Dogma é aquilo que não é passível de discussão e refutação. Uma lei que é estabelecida por um monarca não pode ser questionada, mas por um resultado republico deve ser resultado de discussão, sendo que o sonho do iluminismo é que as decisões se deem de forma racional. Fato é que as repúblicas estão diante até hj sobre como convencer racionalmente uma sociedade? Quem ira pensar fortemente sobre essa questão do iluminismo é a teoria crítica. Diziam-se filósofos sociais (não se separam da sociedade). Adorno e Horkeimer escrevem a dialética do esclarecimento. Dialética do pensamento marxiano, agora esclarecimento vem da crítica à filosofia kantiana. A filosofia pelo menos desde os pré-socráticos e pelo menos até Kant apostou e pretendeu resolver os problemas da humanidade através do uso da razão humana, raciocínio, argumentos. É uma pretensão robusta. Pela primeira vez na história da filosofia ocidental, questiona isso que é a de Shopenhauer.

Do ponto de vista transcendental a consciencia é constituidade de faculdades mentais que dá o conhecimento empírico pela captação e elaboração dos dados do mundo pelos sentidos. Dessa perspectiva o mundo é representação aquilo que se coloca de ante de algo ou alguém - fenômeno. Mas Shopenhauer concordará com a impossibilidade de dizer sobre o mundo a partir da estrutura interna, mas se falamos a partir do que podemos apreender racionalmente, havendo algo dentro da própria consciência que não pode ser compreendida racionalmente, o inconsciente (uberwusst), sendo esse inclusive a maior parte. E a parte da consciência que não é consciênte dela mesmo. É um conteúdo que não vem de forma, mas de dentro. E não vem de dentro da consciência, mas do corpo, todos os impulsos. Todos os desejos e necessidades. Tudo aquilo que não determinamos racionalmente. A consciência não é capaz de resolver essas questões do inconsciente, melhores exemplos paixões amorosas e impulsos do qual o mais forte para Shopenhauer é o impulso sexual. Reconhecimento de que há uma forte propensão de determinados casos para uma atividade que é inconsciente. Ainda que se torne consciente, isso é um detalhe, pois a consciência não consegue domar o impulso. Desejos, instintos, impulsos, necessidade, tudo que pode ser resumido pela palavra sentimento. Essa linguagem Shopenhauer tira da literatura romantica do início do século XIX, o ponto forte desses escritores são seus temas, do amor, melancolia, angústia, sofrimento, por se tratar de um objeto não racional é preciso rodea-lo ao invés de tenta-lo atingir diretamente.

Essa metafísica é imanente, não sendo platônico porque não busca o princípio fora, nem kantiana porque não busca internamente no a priori racional, mas interior fora da consciência. É o nosso próprio corpo que é a chave do enigma o que é o incosciente? Freud tem uma frase famos na qual diz (meta psicológico) as impressoes do inconsciente da consciêcia demonstra como em boa parte de nossas ações aconsciência não é dona de sua própria casa. É anfitria, mas não é a dona da casa que é parte incosciênte. Shopenhauer tem uma imagem (cap. XIX v.2) que diz que a consciência funciona como um gigante cego forte que carrega um paralítico que enxerga. O que enxerga da a direção (pondera) mas não movimenta as perna, não tem a capacidade de se mexer. O gigante cego é forte e se move.

Schopenhauer é um irracionalista? Não, porque ele está discutindo racionalmente, usa conceitos. Acusam ele de desonesto, como se usa-se de misticismo. Nietzsche sofreu dos mesmos ataques. São sempre ataques maldosos, motivados muitas vezes pela forma de escrita. Shopenhauer tinha pretensão racional por isso escreve um texto filosófico para defender suas ideias, mas era ciente de que a filosofia utilizando-se de conceitos isso é limitante, não dando conta da realidade mesma, pois essa tem um fundo que não pode ser apreendido pelo conceito. Logo a pretensão da filosofia de apreensão da realidade é de saída fracassada. Uma coisa é dizer que a filosofia não captura a realida, outra coisa é dizer que não captura a totalidade da realidade. A ontologia clássica tentou a captura da totalidade do real, pretende assim dizer o que é o real, o que existe. Por isso Shopenhauer dirá que isso é impossível, devendo ser repensada a metafísica, ou seja, uma redução de expectativas. É a formulação de um modelo de filosofia e metafísica, mas humilde, contido nas suas próprias condições de possibilidades.

A dimensão inconsciente tem uma fonte mais profunda, qual seja, a vontade, nome dado para apontar aproximadamente a aquilo que não podemos dizer. É uma palavra que permite uma ajuda para entender o corpo e a conexão entre os corpos. Conecta as forças interiores do corpo, inclusive com as leis da física é a acepção de Schopenhauer é a vontade. Vontade não é escolha, ou livre-arbítrio. Escolha tem a ver com deliberação racional, e vontade tem uma dimensão cega, irracional. A vontade interior tem expressões objetivas, mas sua raiz é interior. O que o mundo exterior é para o indivíduo tem raízes profundas. A vida é marcada por uma experiência que não é consciente para a própria consciência, um fluxo de carências, a vida mostra mais do que a filosofia, isso faz com que a vida não seja nenhuma esperança de satisfação e munto mais a constante expectativa de diminuir a insatisfação. A mera redução da dor é sentida como um prazer absoluta e a felicidade não é mais definida como um estado pleno de bem aventurança, não designa da vida prática o que podemos alcançar, mas apenas a redução das vontades diárias.

Filosofia metafísica imanente. É a essência de todo o cosmo. Enraizada no indivíduo. Parece ser multipla na aparencia mas é una. Imagem: fungo, supraterrâneo parece vários cogumelos, as sua raiz subterrânea é una.

Leitura cap. 46

II - 655. Freud afirma que não se influenciou em Schopenhauer, mas que apos a leitura desse filósofo o impacto foi imenso.

A felicidade como objetivo da vida, significa também como objetivo da moral é uma miragem.

A filosofia de Schopenhauer não é uma apologia ao suicídio. Sendo que o suicídio para essa filosofia é uma manifestação de vontade de vida. As práticas ascéticas são consideradas como única possibilidade de diminuição do sofrimento. É preciso entender que a felicidade não existe e a mera expectativa de sua conquista é fonte de infelicidade. Os otimismos (filosofias das mais bem intencionadas às más intencionadas) são problemática porque são prejudiciais, causando mais sofrimento do que o que temos que enfrentar diariamente. A ideia neoliberal por si gera o sofrimento, por buscar a realização da felicidade pelo esforço. Não é uma recusa da vida, mas um trabalho de redução de danos, porque eliminar o sofrimento é ilusório. Ataraxia plena é um estado que apenas ascetas mais radicais conseguiriam. Em um sentido ético pode se perceber alguma proximidade com o estoicismo. A vida é uma roda que vira sem cessar, roda de Ixion (condenado a girar nessa roda, de um lado uma chama e de outro não) quando começa sentir o alívio vem novamente a ardor. Sofrimento eterno. Imagem usada por Schopenhauer para descrever a existência. A ataraxia seria o momento em que a roda para. Mas isso não é possível, somente em uma situação (e por brevíssimo tempo) a arte. Uma vida menos sofrida é uma vida que diminua a velocidade da "roda".

Para Nietzsche o erro de Schopenhauer era achar que a diminuição da dor seria a resposta para uma vida mais feliz. Não é a redução da vida, mas sua intensificação. Acredita ser contraditório a negação da vida como a saída para redução da dor. Então o caminho é fazer um bom uso da dor ou viver de maneira diferente. Assim como sublime é o prazer na dor.

Extra

Esqueçam esse ideia rasa de que Schopenhauer era pessimista porque era triste, não via o lado bom das coisas, por não querer se esforçar em ver a realidade como objetivo a ser defendido e alcançado, porque ele queria que as pessoas fossem triste. Isso não é a filosofia de Schopenhauer.

Vilmar Debona pesquisador fundamenta a filosofia como pessimismo crítico. Sendo que o crítico ele tira de Max Horkheimer. Dizia que tinha dois quadros no escritório dele um de Schopenhauer e um de Marx. Li Schopenhauer como um pensador que melhor encarou a realidade concreta. Professor Luan acrescenta, materialista, não é dialético materialista. Tem um pressuposto metodológico do primado da realidade concreta, ou seja, não é a consciência que determinada a vida (corpo), mas a vida que determina a consciência. Marx e Engels (Ideologia Alemã). A vida histórica, social, sobretudo a economia. Vamos usar essa frase para falar de Schopenhauer que está entendendo a vida de uma perspectiva simplesmente concreta (corpo) não histórico nem dialético. O Corpo traz por si uma dimensão que determina a própria consciência e racionalidade.

A filosofia clássica escondendo uma pretensão de superioridade é que se arvora em dizer a verdade e a totalidade da existência. Há aí o elemento portanto da auto avaliação de superioridade.

Diante do fracasso da filosofia tradicional Schopenhauer é o primeiro filósofo a estabelecer uma hierarquia de conhecimento em que a literatura e as artes ocupam lugar superior à filosofia. Dizendo que a poesia em poucos versos consegue dar conta mais perfeitamente da realidade do que tratados de filosofia. Os recursos poéticos se tornam definitivos. O que faz a alegoria, a metáfora? A metáfora é a possibilidade de dar corpo aos conceitos (Aristóteles - A poética). Tornar os conceitos sensíveis é a função da metafora e a filosofia de Schopenhauer usa esses recursos e reconhece a a poesia e arte é superior por atingir um nível de universalidade superior. Isso irá influenciar Nietzsche.

Indicação de livro: Maria Lúcia Cacciola. Schopenhauer e a questão do dogmatismo.

Voiteire é uma espécie de antecipador do iluminismo. Cândido e uma obra que ironiza o estilo épico.
Leibniz ao enfrentar o problema do mal afirma que por conta da bondade de Deus vivemos no melhor dos mundos possíveis. Sendo contra essa ideia que Voitere irá escrever Cândido. A sátira do otimismo é o que interessa a Schopenhauer que negara também esse situação de melhor dos mundos invertendo o argumento, afirmando que vivemos no pior dos mundos.

Toda essa filosofia é motivada pela literatura romantismo como Goethe. "Os sentimentos do jovem Wether".

A filosofia da escola do pessimismo começada por Schopenhauer pode ser vista como contrário à filosofias tidas por otimistas que acabaram resultando e profundo nilismo. Nesse sentido Nietzsche compartilha do mesmo diagnóstico, afirmando que a filosofia otimista atende a demandas do mundo causando mesmo muitos prejuízos à humanidade. A ascensão do partido nazista é um sintoma desse nilismo.

Sugestão para o trabalho de seminário: apresentar a concepção do Círculo de Viena (Neurath) - conceito de pseudorracionalismo confrontando com essa perspectiva de Schopenhauer de impossibilidade da metafísica clássica, e a questão da irracionalidade de pretender a explicação da totalidade do real a partir da racionalidade.

Schopenhauer Crítica Imanente do Dogmatismo - Continuação

Existe três modelos de metafísica transcendente (Platão - a essência não está no mundo mais sim fora), transcendental (Kant - a essência não é algo que esta fora do corpo mas é condição de possibilidade da experiência, é uma interioridade das faculdades de conhecimento - condições de conhecimento transcendental) e imanente (Schopenhauer - modelo alternativo em relação aos anteriores - o princípio essência não está fora do mundo, mas dentro, e mais precisamente no corpo - materialista nesse sentido - não histórico dialético).

O corpos tem experiências de dois tipos através do corpo: 1- Corpo como objeto, ou seja, como coisa. Nesse sentido o corpo é exterioridade (exterior) experiência ao se tocar - sentido objetivo do corpo. Os sentidos objetivos são audição, visão, tato, paladar e olfato, são objetivos por servirem para perceber o mundo. Conhecemos todos os corpos com os quais temos contato. COnhecimento objetivo. Mas há outro tipo de experiência, o corpo subjetivo, ou seja, vontade, que é interior (essa é a novidade de Schopenhauer). No corpo a vontade é o que sentimos interiormente. A fome é algo que surge, estimulado por um objetivo, mas sentimos interiormente. Todos os afetos que são interiores são expressões da vontade, ou seja, a vontade nos seus movimentos internos. Schopenhauer usa analogia para dizer que assim como sou movido por dentro o mundo (outras espécies e também seres inorgânicos) possuem algo que as anima, mas conhecemos isso com outros nomes, p.e. gravitação seria o que anima os objetos fora de nos. Na metafísica há algo que une a lei da gravitação e o desejo de forma imanente. Existe algo que em essência, imanente une as coisas. Para entender o que é a vontade em Schopenhauer precisamos entender o que é o corpos. Aí ele da um passo adiante o que são as forças que anima as outras as coisas? Percebemos como minha vontade se exterioriza e entendemos como as diferentes maneiras de reconhecer as forças que move às outras coisas possuem unidade. Saí assim da psicologia para uma metafísica imanente. O corpo é uma ponte que liga o indivíduo ao todo, essa ponte chamamos desejo, instinto, impulso. Ele não é místico (devendo ser considerado como filósofo racional) porque ele não dá nome ao princípio com conceitos ininteligíveis.

Na lingua alemã essa diferença entre experiÊncia interna e externa surge já em Edmund Husserl. Quando propõe a fenomenologia como método parte desta distinção. Körper (corpo no sentido objeto - não animado - corpo da física) e Leib (corpo vivo, animado, corpo com alma). A vida da perspectiva do corpo que é vivo é "vontade de vida". Um dos únicos momentos que Schopenhauer apresenta uma definição positiva. A vontade é sem finalidade, irracional, cega, sem objeto, inconsciente.
O conceito possui limite, aquilo que chamamos de definição, conseguimos selecionar o que se encaixa ou não na definição. A vontade é o que está fora do conceito, a vontade é o fora da linguagem. Não conseguimos captura-la pela razão. A palavra alemã que é traduzida por conceito é Begrieff e greiffen é literalmente agarrar, apanhar. Conceituar é agarrar. A atitude de conceituar que é dar limite é atitude de agarrar, e nesse caso da vontade não é capaz de agarrar. Assim surge a necessidade do sentir. Para Schopenhauer o que consegue então manifestar essa dimensão é a arte. A arte é o domínio que possibilita uma compreensão mas que não é racional. Estamos falando de um tipo de linguagem que não é racional. Na poesia utiliza-se o instrumento da metafora. Aristóteles (A Retórica) a metafora torna sensível os conceitos. O conceito é um recipiente vazio (conjunto vazio). O que preenche o conceito são os casos particulares. A definição mesmo não está na realidade. A metáfora faz a união das duas coisas. Na guerra do Peloponeso Horácio diz "é como fosse subtraído do mundo a primavera" sobre a morte de jovens.

A metáfora se torna uma forma de se aproximar daquilo que não é possível conceituar. Nietzsche irá de forma polêmica criticar dizendo que o termo "vontade" já é uma metáfora, assim, tudo que dizemos a rigor é metáfora também. Isso fica mais claro em obra póstuma de Nietzsche que é "Verdade e Mentira no sentido Extra Moral". Essência já é uma metáfora e esse raciocínio mostra que a expectativa de encontrar a essência universal é vã e inútil. A dificuldade de dizer a essência par Schopenhauer tem a ver com a dificuldade de definição, por isso seus conceitos são em geral negativos, ou seja, o que não é a coisa.

Nesse pensamento existe já uma proposta de compreensão de um aspecto destrutivo da vontade? Sim. É a única expressão que serve como definição positiva da vontade, ela é autofágica (alimenta-se de si mesmo), "a vontade crava os dentes na própria carne". É um ciclo vicioso. Dizer que a vontade tem essa característica essencial (tanto pedradora quanto presa de si mesmo) significa que são faces da mesma moeda que é a afirmação da vida. A vida so se afirma quando há morte. É preciso que um indivíduo pereça para servir de nutriente a outros indivíduos. Isso que se manifesta como um conflito e luta nada mais é senão a repetição de um princípio essencial da vontade que é "cravar os dentes em sua própria carne". Por isso é uma metafísica, porque o conflito é inerente à vida. Nosso corpo expressa ele mesmo, isoladamente um conflito, a digestão é um conflito que o corpo trava consigo mesmo, porque ao mesmo tempo em que busca energia, consome energia. Schopenhauer realmente fala sobre esse deslocamento da energia vital, do cérebro para a região que é responsável pela digestão. Ou seja, o cérebro está brigando com o aparelho digestivo. Mesmo corpo que ingere é o corpo que tem que expelir. Isso é uma afirmação. Sita a imagem da serpente que se alimenta de si mesma.

A vontade essencialmente é um puro ímpeto. No alemão drang gênese do impulso. Puro impeto é o impulso sem objeto.

Segunda parte - leitura do Cap. 46

O cap 46 é mais interessante, mas o 17 é um dos mais importantes.
II 659 - Dialoga com D. Huma em "Diálogos sobre a religião natural" que é uma resposta séria e filosófica (mas que tem humor) à Leibniz em sua tese de que "vivemos no melhor dos mundos possíveis" (Monadologia - mônada - conceito de Leibniz sobre a partícula elementar da realidade). COmo Deus existe e ele é onipotente, onisciente e bom, então o mundo deve seguir essas propriedades, mas Leibniz irá pretender fundamentar logicamente essa tesa. Hume dirá que o problema é que a vida não é assim. Que o pensamento por mais perfeito que seja não retrata a vida e assim não vivemos no melhor dos mundos possíveis. Isso pela constatação da existência do mal. Trata-se de um diálogo com três personagens e a posição fianl é que a vida prova, empiricamente que não vivemos no melhor dos mundos.
Voltaire também responde (mas ironicamente) em o "Cândido". É a anterior à resposta de Hume que se inspira nela. Schopenhauer retoma todos esses.

Lord Byron é uma dos poetas preferidos por Schopenhauer.
Espinosistas refere-se aos idealistas alemães, sobretudo, Hegel.
Se a quantidade de prazeres fosse um pouco maior do que de dores, poderia ser dito que vale a pena viver. A morte não é apenas um fato da vida, mas o fato que aterroriza do início ao fim.
Querer morrer em muitos casos (sofrimento do jovem Werther - põe fim à própria vida por amor) é um desejo de vida. A morte funciona como uma espécie de tentativa de encontrar em outra existÊncia (em outro plano de existência) aquilo que não encontrou nessa. Schopenhauer trata do suicídio de maneira genérica como ilusão. Para Camus o suicídio é uma escolha. Schopenhauer com certeza diria que essa afirmação não é correta.

Entretanto ... (678 PDF) Quando ele diz que seria melhor que não fosse, ele está dizendo que não dá para voltar a traz.
Indiferença estoica - ética Schopenhauer e estoicismo.
Dante Alighieri que escreveu a Divina Comédia.
Schopenhauer preocupado com questões sociais, quando ele fala de escravidão e do trabalho infantil.
Obs. da língua alemã que tem a ver com Latim: Compaixão para Schopenhauer é uma experiência que se trata da identificação com a dor do outro, e isso não acontece com alegria. Paixão - pathos, com - compartilhamento. No alemão Mitleid - mit (com) leid (sofrimento). Ideia de que não compartilhamos alegrias porque sempre queremos nos sentir superior ao outro. O compartilhamento da alegria é barrada pela inveja.
Se a vida fosse por si só justificável a filosofia não existiria.
Há outras imagens ... imagem da topeira (de Hegel) é uma animal trabalhador que cava o tempo todo, não sendo racional haje por impulso, para o Hegel essa é a maneira de compreender como o espírito se desenvolve de forma inconsciente para o indivíduo mas consciente ao filósofo. Para Schopenhauer a topeira é um exemplo característico de como uma vontade perpétua e inconsciente [...]
A divina comédia é dividida em 3 partes. A parte do paraíso é muito menor (em termos de páginas) Schopenhauer dirá que isso é uma prova de que a vida é sofrimento, ou seja, faltam palavras porque falta experiência, enquanto o inferno é descrito como uma riqueza exuberante.

Extra

Hume: todo conhecimento tem origem na experiência possível. (Ler o tratado completo, pois no fim se pergunta o porque a vida é no fim o resultado das paixões e não é determinada necessariamente pela razão, por isso necessário a forma política para acordos sobre paixões) Em Schopenhauer o primeiro tipo de experiência pelo corpo (objetiva dos sentidos) é conhecimento, enquanto à experiência subjetiva é sentimento.

Hume: todo conhecimento tem origem na experiência possível. (Ler o tratado completo, pois no fim se pergunta o porque a vida é no fim o resultado das paixões e não é determinada necessariamente pela razão, por isso necessário a forma política para acordos sobre paixões) Em Schopenhauer o primeiro tipo de experiência pelo corpo (objetiva dos sentidos) é conhecimento, enquanto à experiência subjetiva é sentimento.

Schopenhauer tinha influência de filosofias orientais - budismo. A sabedoria oriental sai do esquema que prioriza majoritariamente a experiÊncia do raciocínio e abstração como instrumento para ética, quando talvez devessemos dar mais atenção àquilo que o corpo necessita.

Dialética de Hegel: o espírito se manifesta dialeticamente, o que acontece é que o terceiro momento (síntese) é tanto a negação dos momentos anteriores mas também uma retenção deles. É diferente mais com alguns aspectos que conservam os momentos anteriores. Parece que Schopenhauer diz que a sociedade funciona como uma dialética sem síntese, por isso, dialética pessimista. Para Hegel a história do espírito é uma história progressiva, na qual a síntese é uma resolução. Em Schopenhauer não há a solução, não há síntese. Schopenhauer não acredita que o Estado pode resolver conflitos e progredir, melhorar, pois é resultado de várias tensões de modo que a qualquer momento por descuido pode causar a própria ruína. As tensões, as forças que conflitam na realidade estão sempre ativbras. Em nosso corpo e assim também. Enquanto a realidade (nossa vida) for produzida pelo princípio de que não somos iguais (consequência natural da própria vontade que quer destruir-se a si mesmo) não há necessidade de progresso.

Diógenes de Laércio - (Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres). Alexandre o grande fica sabendo de um sábio que mora na praça (Diógenes) ...

Notas de Rodapé

1 ...

Avaliações

Precisa haver pelo menos duas avaliações. A ser decididas pelos estudantes.

Proposta do professor: 1. que os alunos elaborem um trabalho para apresentação oral (seminário) e/ou apresentação escrita, que inclua uma pesquisa e essa pesquise contempla a parte do PCC. Exposição ou apresentação sob pelo menos um tópico do curso, ou pelo menos alguma conexão com a disciplina. 2. Prova escrita.
Etapas para avaliação: escolha do tema, esboço e estrutura e apresentação.

Tanto do trabalho entregue por escrito, quanto apresentação em seminário o trabalho deverá percorrer 3 etapas. Cata data de entrega corresponde à uma etapa do trabalho. São por isso 3 avaliações em uma.
Trabalho escrito: até 10 páginas sobre um dos tópicos estudados em sala, ou sugerido que se conecte com esses. Deve-se assim relacionar com a proposta geral do curso crítica às ontologias clássicas.
Etapa 1: Entrega do esboço da proposta de texto. Tópico, assunto e o "esqueleto" do texto. Até duas páginas.
Etapa 2: Fundamentos teóricos escolhidos. Apresentar a sequência argumentativa do texto em até 4 páginas.
Etapa 3: Consideração crítica, a partir da fundamentação escolhida, sobre a relação desse tema com o curso. Até 4 páginas
No total deve ser entregue um trabalho com pelo menos 10 páginas.
Seminário: 1 - Minuta (esqueleto) do seminário, até (2 páginas).
2 - Resumo (2 páginas). Sob a perspectiva teórica escolhida. 3 - Apresentação oral.

Horários de atendimento do professor: às quartas das 16 às 18 horas. Mas pode ser feita a comunicação por email.


Datas e enunciados

Tema

Considerações acerca do conhecimento pelo Círculo de Viena: uma leitura com relação à Kant e Schopenhauer

Até 10/09

A2a) introdução do texto, contendo: o tema escolhido, uma contextualização preliminar do tema em relação ao tema geral da disciplina “a crítica das ontologias clássicas”, os objetivos do texto, a/s referência/s teórica/s e a estrutura do Seminário (até 2 páginas).

Até 15/10

A2b) apresentação, em texto, do esboço do referencial bibliográfico escolhido: atenha-se a apresentar a estrutura argumentativa do texto escolhido, os principais conceitos e argumentos na sua sequência lógica (até 2 páginas).

Texto Final

Notas Gerais